A agência já aprovou a comercialização do produto – que começou a ser vendido em janeiro nos Estados Unidos e já é usado por 60% dos pacientes-alvo, segundo o presidente da subsidiária brasileira, Sérgio de Oliveira. Agora, a Bayer aguarda a definição sobre o preço requerido, que é de R$ 7 mil o frasco com 60 comprimidos, suficientes para 15 dias de terapia.
A nova tecnologia marca o ingresso da empresa alemã no segmento de oncologia e é sua grande aposta de um novo “blockbuster”, denominação que o mercado confere a medicamentos que em até cinco anos se tornam campeões de venda, caso de seu produto mais popular, a Aspirina.
A Bayer estima que o faturamento do remédio alcance 1 bilhão de euros (o equivalente a R$ 3 bilhões) ao ano, com a aprovação de outras indicações terapêuticas, como melanoma, tumores de fígado e de pulmão. Oliveira diz que a empresa ainda não está negociando com o governo federal o emprego da nova droga no tratamento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que esse “é um caminho natural a ser seguido”.
O “tosilato de sorafenibe”, princípio ativo do Nexavar, pertence a uma nova classe de medicamentos, que age como um míssil de precisão, atacando apenas as células cancerosas, sem destruir as células normais do corpo humano. Além disso, a droga tem ação antiproliferativa, diminuindo a multiplicação das células tumorais e inibindo a formação de novos vasos sangüíneos que alimentam os tumores.
Estudos clínicos da Bayer constataram que o sorafenibe retarda o avanço do câncer e chega a aumentar o tempo de vida do paciente sem o crescimento evidente do tumor.
A Bayer HealthCare espera concluir até setembro a aquisição de 100% da conterrânea Schering, uma operação que custou 17 bilhões de euros (cerca de R$ 51 bilhões). No início desta semana, a empresa já controlava 92,4% das ações e contava com a rápida adesão dos sócios minoritários restantes, segundo informou a direção, na sede da companhia, na pequena cidade de Wupperthal, próxima a Düsseldorf.
O processo de fusão das duas empresas vai resultar na formação da Bayer-Schering-Pharma, com sede mundial em Berlim, e leva a área da saúde a ter predomínio dentro do Grupo Bayer, superando as divisões de Material Science, que faz pesquisa e desenvolvimento no setor industrial, e a Crop Science, que atua no setor agrícola. No Brasil, não é diferente, diz o Sérgio Oliveira. A divisão de saúde deve se destacar, principalmente com a crise na agricultura, que desde 2005 afeta o desempenho dos produtos destinados ao setor.
A divisão farmacêutica da Bayer fatura R$ 600 milhões ao ano no país e o número praticamente deve dobrar com a aquisição da Schering, que faturou em 2005 cerca de R$ 500 milhões. Além disso, os portfólios de produtos se completam. A Bayer não atua em ginecologia, segmento em que a Schering é uma das líderes, com contraceptivos de primeira linha. A previsão é de que a nova empresa passe da 13.ª para a 4.ª posição no ranking da indústria farmacêutica atuante no Brasil.
Fonte: Gazeta do Povo - Marisa Boroni Valério